Vejo meus filhos crescidos - "filho criado, trabalho dobrado" - e, em meio a tantas dores de cabeça, tantas incertezas, penso: se fosse um sonho, se eu acordasse e ainda estivesse no micro-ônibus indo pra faculdade, depois de todas estas experiências, positivas e negativas, tanto da paternidade quanto do matrimônio, será que eu seguiria o mesmo caminho?!
Não sei ao certo. Sei apenas que segui este caminho, o caminho que escolhi das mais diversas maneiras, desde meu nascimento até agora. Sempre quis ser pai, desde meus 6 anos de idade tinha este desejo. Talvez a idéia de ser pai viesse do fato de eu ter filhos como eu fui, um filho dedicado, sempre zeloso, buscando deixar orgulhosos meus pais, jamais decepcioná-los! Tive momentos difíceis, onde me desesperei ao pensar que não estava dando tudo de mim para deixar meus pais orgulhosos; mas passei por eles e não os envergonhei. Um destes momentos foi quando, com 16 ou 17 anos, comecei a procurar emprego, sem sucesso! Logo entrei pra faculdade e nunca perdi uma cadeira sequer! Outro destes momentos foi quando tive de informar que viria a ser pai, mas já tinha meu emprego, vida estável, independente!
Hoje tenho meus filhos. Vivem cada um pra si. O mais velho tem 18 anos, separei-me da mãe dele quando ainda era bem pequeno, tinha 3 anos e meio. Criou-se praticamente sozinho, sem medo de nada, tomou suas decisões, algumas acertadas, outras nem tanto, mas sei que é um bom homem, respeito sua individualidade, aprendi a aceitá-lo como é, tão diferente de mim em tantos aspectos, e tão semelhante em outros. O mais novo tem 11 anos, muitos medos herdados da mãe que espero que vença antes da idade adulta. Meu anjinho, antes tão carinhoso comigo, agora - como todos na família da mãe - distante, sem alegria, perdeu a ternura! Só sabe reclamar, nunca esta satisfeito, não sabe dar valor ao que por ele é feito. É assim, só cabe a mim aceitá-lo como é!
A vida e seus mistérios. Quando foi que meu garotinho tão doce deu lugar a esse sem expressão?!
Nem tudo é como queremos, ninguém é igual a ninguém, não posso querer que meus filhos sejam clones de mim, porque mesmo que fossem suas experiências os tornariam diferentes, não tiveram a família que tive, não viveram no mesmo momento, nem tiveram as mesmas vivências.
Respeitar as diferenças, eu sei, é fundamental para sermos felizes e convivermos de maneira harmoniosa, mas quem disse que é fácil!?...
Deus ilumine minha cabeça, meu coração e minh'alma nesta árdua tarefa que é ser pai-marido.
Edy Jobim iPhone