sábado, 7 de maio de 2011

TAREFAS DIFÍCEIS


Dentre tudo que já fiz na minha vida, sem margem para dúvida, educar um filho é a mais árdua das tarefas.
Primeiro porque nós mesmos, muitas vezes, não sabemos que caminho tomar, então como indicar a alguém que amamos o caminho. É como um cego guiando outro, sem bengala, num labirinto sem fim. Falar a verdade minha afirmação não poderia ser mais brilhante, modéstia a parte.
Realmente somos cegos num labirinto sem fim - não importa qual rumo tomamos, quais decisões, quem nos acompanha, estamos sempre na mesma direção, a gente anda, anda, anda e acaba sempre no mesmo lugar - talvez porque o mundo é redondo, talvez porque pensamos estarmos andando e na realidade ainda estamos inertes no mesmo lugar.
A vida é uma ilusão. Só a morte é certa, isso pelos princípios que nos ensinaram desde pequenos - será que é verdade?!
Parece loucura minha divagação, mas quem diz que tudo que conhecemos não passa de um simples devaneio de uma mente adormecida.
Gosto de pensar que o que importa na minha vida é tentar sempre fazer o certo, mesmo que para isso sofra martírios, tenha como retorno injustiça.
Quando faço o certo é porque é certo, não faço esperando reconhecimento, agradecimento, uma vaga no céu. Não tenho tantas pretensões. Meu Pai Celestial tem seus planos para mim já traçados, sou um personagem na história que Ele está escrevendo ou já escreveu. Então vivo meu papel como acredito que ele tenha sido feito para mim. Acho que sou um dos mocinhos.
Como Davi, praticamente insignificante, mas que para Deus era um herói - sem superpoderes, sem armas mirabolantes, sem conhecimentos marciais, apenas munido com sua fé venceu o Grande Golias.
Esta semana comentei com um amigo que meu maior medo seria enlouquecer.
Talvez porque ao tentar entender o mundo minha cabeça fique mais e mais confusa a cada dia.
Parece que o mal toma força, que o bem não consegue se reerguer. É miséria, mentira, traição, fome, doença, exploração se espalhando por toda parte. Tem dias que minha vontade era não sair de casa, noutros era de me isolar de tudo e de todos num lugar bem distante. Então enfrento meus medos, entrego minha vida pra Deus, é dEle mesmo, e sigo meu caminho - trabalho, casa, família. Nada para porque estou num momento de aflição ou desespero, continua e eu vou ficando para trás.
Tento passar uma mensagem de fé, bom comportamento - ser um exemplo para meus filhos. Nem sempre tenho sucesso, mas não desisto, insisto...
Deus e ninguém mais, sabe de meu esforço, a mim isso basta. Não preciso provar nada a ninguém, como já disse: faço o certo porque é certo - mesmo que muitas vezes eu erre, errei tentando acertar, porque naquela hora parecia ser o correto.
Mesmo assim como muito, durmo de menos, falo e me preocupo demais - sei que estou errado nisso, mas meu corpo não me obedece, minha mente também não.
Sinto saudade de minha avó Olália, amanhã é dia das mães, ela sempre foi meu porto seguro, quando me sentia perdido pensava, tenho minha amada vózinha para me amparar - como uma criança buscando conforto nos braços dos pais. Desde que foi para junto de Deus deixei de ser criança, meus sonhos praticamente sumiram, minha esperança em um mundo melhor já não existe.
A inocência perdida é a pior dor de uma vida, quando se deixa de ser criança e se enfrenta a realidade se vê toda a maldade, a alma escurece, o coração empobrece - e o frio toma conta de tudo.
Mas meu Pai me quer aqui, então continuo até me tornar digno de estar ao Seu lado.
Tentarei mudar o mundo apenas com amor...
Discuti hoje com alguém que dizia que eu deveria procurar algo maior profissionalmente falando, fazer novos concursos - talvez um cargo. Falei que meu trabalho era ótimo e que o que ganho é suficiente, apenas preciso gastar menos. Falei também que tenho orgulho de dizer que para chegar aonde cheguei não pisei em ninguém, ganho meu salário honestamente, sempre que posso faço algum extra com a minha arte e os dons que Deus me deu. Mas normalmente os utilizo só para trazer um pouco mais de beleza ao nosso mundo.
Viver, criar filhos - as duas tarefas mais difíceis.