Confuso, me olho no espelho, já não estou mais lá!
Aquele reflexo bizarro, aquela figura anomala não sou eu!
O homem com coração de menino desapareceu.
No lugar dele ficou esta triste figura sem esperança, sem sonhos, sem vontade de viver.
Perdi o que havia de mais lindo na minha excência, minha alma pura.
Dificil manter a pureza num mundo onde a bondade perdeu todo seu valor, onde os filhos não honram mais seus pais, onde mentem, enganam, usam, maltratam seus velhos.
Depois choram sobre seus túmulos lágrimas vazias, falsas, simples aparência.
Sou da época onde uma lágrima tinha valor inestimável, assim como um sorriso ou mão estendida.
Hoje o que vale é o dinheiro, se não temos, nosso valor é proporcional. Quanto mais dinheiro se tem, mais a pessoa vale.
É uma sociedade consumista que chegou a esse extremo.
Sempre quis que meus filhos fossem como eu, não quero mais, já não sou eu mesmo, já disse: não sou mais o que era!
Continuo minha jornada porque minha vida é cuidar de minha família, mesmo nos momentos em o desespero toma conta de mim, permaneço ali, fazendo minha parte, pagar as contas, levar aqui e ali, trabalhos domésticos ... isso antes era muito importante, agora é uma rotina que toma proporções homéricas de vez em quando.
Angustiado com minhas limitações, busco soluções que nem sempre são rápidas e eficientes.
Então me deparo com a inconformidade dos que amo, olhando pra mim como quem diz - pô isso é a tua obrigação!
Não! Não é não! Faço o que posso, faço o que está ao meu alcance.
E quando ficar velho, quando tiverem suas próprias vidas, nem sequer lembrarão de minhas lágrimas, da minha angustia, da minha dor. Talvez sequer lembrem de mim.
Continuo, continuo por aí ... é isso o que me resta!